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Mundo - 28/05/2011 - 11:56
G8 sinaliza que dará espaço para emergentes na sucessão do FMI



Renata Giraldi
Os presidentes e primeiros-ministros de países do G8 (que reúne os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha, o Reino Unido, a França, a Itália, o Canadá e a Rússia) defenderam hoje (27) os esforços para ampliar o diálogo político e as parcerias mundiais. No comunicado final, divulgado pelas autoridades, o texto informa que é necessário buscar “um crescimento forte, sustentável e equilibrado no âmbito do processo de avaliação mútua”.
Para negociadores brasileiros, o texto é uma resposta à reivindicação dos países emergentes para ter mais espaço na sucessão do comando do Fundo Monetário Internacional (FMI) com a renúncia do diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn. A escolha para o comando do FMI ocorrerá em 30 de junho e os europeus insistem em manter-se à frente do órgão. A reação ocorre no momento em que se agravam as denúncias de medidas protecionistas envolvendo europeus e norte-americanos.
Os líderes mundiais defenderam ainda a redução dos preços das commodities dos alimentos em nome da busca pelo fim dos “desequilíbrios externos”. De acordo com o comunicado, a recuperação da economia mundial está baseada na redução de riscos e nos estímulos ao crescimento sustentável capazes de gerar oportunidades de emprego. O comunicado final foi divulgado após a reunião em Deauville, no interior da França.
“Nós concordamos em manter o foco sobre as medidas necessárias para reforçar a sustentabilidade das finanças públicas para reforçar o emprego e promover a recuperação, reduzindo riscos e garantindo o crescimento sustentável e equilibrado”, diz o texto.
No comunicado, os líderes destacam a decisão sobre o pacote de medidas aprovado pela União Europeia (UE) para enfrentar a crise financeira que atingiu a região, em especial a Grécia, a Espanha, além de Portugal. “Vamos continuar a abordar a situação com determinação e prosseguir na consolidação orçamental rigorosa ao lado de reformas estruturais para sustentar o crescimento.”
Os líderes elogiaram o empenho do governo japonês em adotar medidas extraordinárias para a reconstrução do país, depois do terremoto seguido por tsunami, em 11 de março. Mais de 25 mil pessoas desapareceram ou morreram. “Estamos determinados a tomar as medidas necessárias, individualmente e coletivamente, para enfrentar os desafios atuais”, traz o comunicado.
No texto, os representantes do G8 apelam para a unidade mundial em torno das causas comuns. “Ressaltamos a importância da cooperação internacional na investigação, no aproveitamento dos recursos e no estímulo de talentos para encontrar soluções para desafios comuns. Vamos melhorar a cooperação global na área de pesquisas e olhar para a frente”, diz o documento.
Para os líderes, é fundamental estimular o crescimento econômico por meio do desenvolvimento sustentável. “O crescimento verde representa uma promissora fonte de criação de emprego para as nossas sociedades e oferece perspectivas importantes para os inovadores e exportadores de todas as economias”, diz o comunicado.


Fonte: Agência Brasil 

Indústrias Japonesas no Brasil

Tsunami nos negócios

Empresas japonesas no Brasil ainda sentem os efeitos da tragédia que colocou o Japão em nova recessão

Por Hugo Cilo
O tsunami que varreu o Japão no início de março, fez o PIB do país encolher 3,7% no primeiro trimestre e empurrou a terceira maior economia do planeta a uma profunda recessão, começa a fazer estragos no Brasil. Mesmo quase 40 dias após o desastre, a falta de peças e a suspensão de parte das exportações do Japão hoje obrigam as multinacionais nipônicas presentes no Brasil a promover manobras para evitar prejuízos. 
Na sexta-feira 27, a Toyota, maior montadora do mundo, paralisou pela quarta vez, em um mês,  as linhas de montagem em Indaiatuba, no interior paulista, por falta de componentes que eram trazidos das fábricas da companhia no Japão. “Estamos sem módulos de injeção eletrônica, chicotes, utilizados no sistema elétrico do motor,  e peças que o Brasil não produz”, diz um diretor de produção da montadora, que não quis ser identificado. “Sem esses componentes, não temos como produzir.”
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Linha de produção da Honda: sem peças, fábrica no interior de São Paulo reduziu de 600 para300 a montagem diária de veículos 
Problema semelhante causou ainda mais estragos na Honda. Também em decorrência da escassez de peças, a empresa anunciou, no último dia 18, que cortará a produção pela metade a partir de junho. A freada brusca na linha de montagem já resultou na demissão de 400 funcionários na fábrica de Sumaré (SP). 
O corte representa 12% da força de trabalho da  unidade. Outros 800 funcionários temem que a demora no restabelecimento da produção – que pode demorar até seis meses para ser plenamente normalizado – cause novas demissões. A produção diária, que já foi de 600 veículos, cairá para 300 unidades.
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Apesar dos inegáveis prejuízos às montadoras de automóveis, algumas gigantes japonesas têm conseguido driblar com habilidade os problemas causados pelo tsunami. A fabricante de eletrônicos Sony, em Manaus, recorreu a fornecedores na China, Coreia do Sul e no México para abastecer as linhas de produção no Brasil. 
“Tivemos muita velocidade na recuperação, e não faltou uma peça sequer no mercado brasileiro”, diz o gerente-geral da Sony Brasil, Carlos Paschoal. No Japão, a Sony teve cinco fábricas destruídas pelo tsunami – duas delas voltaram a operar nesta semana. As paralisações dessas unidades causaram perdas de aproximadamente US$ 3 bilhões.