DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL NO ESPAÇO BRASILEIRO

A desconcentração industrial no espaço brasileiro

• Os anos 90 apontam para uma guerra de investimentos estatais a nível regional e municipal em busca de capitais produtivos: a chamada “guerra fiscal”, onde se nota imensos esforços no intuito de atrair novas instalações industriais. As vantagens oferecidas vão desde isenção de impostos até mão-de-obra barata e infra-estrutura espacial.
• Essa realidade caracteriza as mudanças espaciais do setor industrial desde os anos 70, quando São Paulo começa perder parte de suas indústrias para outros municípios mais afastados, em busca de maiores possibilidades de lucros. 
• A atual desconcentração industrial é relativa, pois, os novos pólos industriais pertencem ao Centro Sul, contudo, fora da clássica economia de aglomeração que é o ABCD paulista. O interior de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do sul, Santa Catarina e Paraná são os estados mais atraentes para os novos investimentos. 
• O centro-sul continua concentrando a maioria das indústrias de bens duráveis (a exemplo das indústrias automobilísticas), pelo fato de possuir: o maior mercado consumidor (proximidade com o Mercosul), a  maior densidade de redes técnicas, além da maior concentração de mão-de-obra qualificada, o que faz com que está não perca a posição de região mais industrial do país.
• Os principais fatores que explicam a desconcentração industrial de São Paulo são: a forte organização e atuação dos sindicatos na defesa de salários e condições de trabalho, limitando a ação do capital; a elevada densidade demográfica e a intensa disputa pelos terrenos provocam um crescimento considerável dos preços da terra; a metropolização que trouxe uma ampliação dos impostos municipais e dos custos dos serviços públicos de transporte, comunicações e energia; congestionamentos de tráfego, poluição do ar, roubos e assaltos começaram a afugentar executivos e assalariados de  alto nível; a chamada “guerra fiscal”, etc;
• Paralelo a esse processo,  os setores industriais mais modernos procuraram formar os  tecnopólos ou  pólos tecnológicos, que consistem em concentrações espacial as proximidades das grandes metrópoles que congregam o centro de pesquisa de ponta, indústrias inovadoras (presença de capital de risco) e mão-de-obra qualificada (ex: São José dos Campos – ITA / EMBRAER;  Campinas - UNICAMP,PUCCAMP/ empresas de telecomunicações, etc).
• Uma tendência recente no que diz respeito às indústrias de bens não duráveis (vestuário, calçados, etc.) é a instalação deste segmento industrial na região nordeste em função da: mão-de-obra mais barata em relação ao centro-sul do Brasil, a infra-estrutura (que a região vem recebendo), os incentivos fiscais, etc.
Algumas conseqüências no espaço urbano paulista decorrente da desconcentração industrial:
• O deslocamento dos estabelecimentos comerciais potencializa a concentração na medida em que muitas sedes industriais permanece na metrópole, sinalizando o fenômeno da desconcentração (do setor produtivo) e centralização do capital;
• As modificações do processo produtivo traz como conseqüência a extinção de postos de trabalho, o aumento da taxa de desemprego, diminuição da participação do setor industrial de São Paulo no PIB brasileiro, o que leva o capital-dinheiro para os ativos financeiros, sem, necessariamente, distanciar-se da metrópole, ao contrario, nela se realizando.
• Maior importância do setor terciário (atividades financeiras, a prestação de serviços, o comércio, o centro de pesquisas, etc.) com uma mudança significativa na paisagem paulista. Saem as chaminés e aparecem edifícios coorporativos de escritórios, rede hoteleira e flats, etc.. São Paulo está se tornando uma cidade pós-industrial.
• São Paulo passa hoje por um processo de desmetropolização, ou seja, a metrópole cresce em ritmo lento em relação as cidades de porte médio do interior.
• Inversão do destino das correntes migratórias que antes de 80 se dirigiam para a metrópole e agora se voltam para o interior do estado. Assim como, a migração de retorno de nordestinos para sua terra natal.

REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL

REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL


Na ciência geográfica o conceito de região está ligado à idéia de diferenciação de áreas. As regiões podem ser estabelecidas de acordo com critérios naturais, abordando as diferenças de vegetação, clima, relevo, hidrografia, fauna e etc., e sociocultural que corresponde à avaliação das condições sociais e culturais que insere no espaço geográfico. Para uma melhor análise dos dados e das diferenças existentes no mundo, e para não generalizar as informações, faz-se necessário a regionalização de áreas de abordagens, oferecendo várias vantagens aos estudos geográficos. 
Como já sabemos, o espaço geográfico é um espaço diferenciado, dinâmico. Formado por diversas paisagens e lugares, construindo assim um gigantesco mosaico de imagens do espaço que se diferenciam das diversas e diferentes formas.
A primeira causa da variedade de paisagens está na natureza. A natureza é bastante diversificada. Ela produz variações muito grandes no espaço geográfico. Climas, relevo, solos e vegetação são responsáveis pelo aparecimento de diferentes paisagens naturais. Lugares muito quentes e secos exibem vegetação pobre, de arbustos cinzentos e gramíneas esparsas. Lugares quentes e úmidos exibem vegetação florestal e grandes rios. Em lugares frios aparecem monótonas florestas de pinheiros.
A Segunda causa da variedade de paisagens está na sociedade. A produção de riquezas e as culturas diferenciam o espaço geográfico e as paisagens.
Algumas áreas foram ocupadas pela economia moderna há tempos. Com isso, foram profundamente modificadas pelo trabalho social dos homens que ergueram cidades e indústrias, cultivaram os campos, construíram rodovias e ferrovias. Outras áreas dedicam-se à produção agrícola tradicional.
Regionalizar o espaço geográfico é dividi-lo em regiões, levando em conta as diferenças paisagísticas e a organização sócio-econômica das diversas áreas. É possível regionalizar espaços geográficos grandes ou pequenos. Pode-se regionalizar um bairro, dividindo-o em áreas residenciais, industriais, e comerciais. Pode-se também dividir o mundo inteiro, identificando, por exemplo, regiões desenvolvidas e subdesenvolvidas.
A regionalização em geografia veio justamente para atribuir a estas paisagens, lugares, uma homogeneidade na divisão espacial. Ajudando a compreender e analisar o espaço e suas peculiaridades.

 A divisão regional oficial segundo o IBGE

A ocupação humana e econômica do território brasileiro produziu modificações importantes no espaço natural. Em vastas áreas, a vegetação original foi quase inteiramente destruída, como aconteceu com as matas tropicais dos mares de morros ou a mata de araucária nos planaltos do sul do país. No seu lugar, surgiram pastagens, campos cultivados, regiões industriais, cidades.
As primeiras propostas de divisão regional do Brasil baseavam-se nas diferenças da paisagem natural. Atualmente, porém, não faz mais sentido elaborar uma divisão regional que não leve em conta as alterações da paisagem produzidas pelo homem.
Por isso, a divisão oficial do Brasil em regiões baseia-se principalmente nas características humanas e econômicas do território nacional. A regionalização elaborada pelo IBGE divide o país em cinco macrorregiões. Os limites de todas elas acompanham as fronteiras político-administrativas dos estados que formam o país. (Centro-oeste, Nordeste, Sul, Sudeste, Norte)

DIVISÃO REGIONAL ATUAL

A região Sudeste é a mais industrializada do país e também a mais urbanizada. As maiores empresas instaladas no país têm as suas sedes no Sudeste. Nessa região, estão as duas principais metrópoles brasileiras: São Paulo e Rio de Janeiro. O domínio natural mais importante é o dos mares de morros, antigamente recoberto por verdes matas tropicais.
A região Sul caracteriza-se pela presença de numerosos descendentes de europeus: alemães, italianos ou eslavos. Essa região apresenta também os melhores indicadores sociais do país. A sua agropecuária, moderna e produtiva, transformou-a em fornecedora de alimentos para todo o país. É a única do Brasil com clima subtropical.
A região Nordeste já foi a mais rica, na época colonial. Depois, sua economia declinou e ela se transformou na mais pobre região brasileira. Por isso, tornou-se foco de repulsão de população. Os migrantes nordestinos, ao longo do século XX, espalharam-se por todo o país. Atualmente, o rápido crescimento econômico de algumas áreas do Nordeste está mudando essa situação.
As regiões Centro-Oeste e Norte são os espaços geográficos de povoamento mais recente, que continuam a sofrer um processo de ocupação. Por isso, a paisagem natural encontra-se, em grande parte, preservada.
A região Centro-Oeste, espaço dos cerrados, começou a ser ocupada mais rapidamente após a construção de Brasília, inaugurada em 1960. De lá para cá aumentou bastante a população regional. Aumentaram também a criação de gado e a produção agrícola. Mesmo assim, existem áreas com densidades demográficas muito baixas, como o Pantanal.
A região Norte, espaço da floresta equatorial, é de ocupação ainda mais recente. Mas essa ocupação vem crescendo rapidamente. A derrubada da mata, as queimadas, a poluição dos cursos de água por garimpos e os conflitos pela posse da terra são conseqüências ambientais e sociais da colonização da Amazônia.

A divisão do Brasil em Complexos Regionais

Existe outra forma de regionalizar o Brasil, de uma maneira que capta melhor a situação sócio-econômica e as relações entre sociedade e o espaço natural. Trata-se da divisão do país em três grandes complexos regionais: o Centro-Sul, o Nordeste e a Amazônia.
A divisão em complexos regionais não respeita o limite entre os estados. O Norte de Minas Gerais encontra-se no Nordeste, enquanto o restante do território mineiro encontra-se no Centro-Sul. O leste do Maranhão encontra-se no Nordeste, enquanto o oeste encontra-se na Amazônia. O sul de Tocantins e do Mato Grosso encontra-se no Centro-Sul, mas a maior parte desses estados pertencem ao complexo da Amazônia. Como as estatísticas econômicas e populacionais são produzidas por estados, essa forma de regionalizar não é útil sob certos aspectos, mas é muito útil para a geografia, porque ajuda a contar a história da produção do espaço brasileiro.
O Nordeste foi o pólo econômico mais rico da América portuguesa, com base na monocultura da cana de açúcar, usando trabalho escravo. Tornou-se, no século XX, uma região economicamente problemática, com forte excedente populacional. As migrações de nordestinos para outras regiões atestam essa situação de pobreza.
O Centro-Sul é na atualidade o núcleo econômico do país. Ele concentra a economia moderna, tanto no setor industrial como no setor agrícola, além da melhor estrutura de serviços. Nele se encontra também a capital política do pais (Brasília).
A Amazônia brasileira é o espaço de povoamento mais recente, ainda em estágio inicial de ocupação humana. A área está coberta por uma densa floresta, com clima equatorial, que dificulta o povoamento. Os movimentos migratórios na direção desse complexo regional partem tanto do Centro-Sul como do Nordeste, sendo que hoje a região mais recebe população.


Essa é uma visão superficial da organização do espaço geográfico brasileiro. Ela resume as principais características naturais e humanas de cada uma dessas regiões. Por serem vastas áreas, verdadeiros complexos regionais, o Nordeste, o Centro-Sul e a Amazônia registram profundas desigualdades naturais, sociais e econômicas. As regiões apresentam diferenças entre si e variedade interna de paisagens geográficas.
Em meio à pobreza tradicional, o Nordeste abriga imensos recursos econômicos e humanos, que apontam caminhos para a superação de uma crise que já se prolongou demais. As transformações introduzidas nas zonas irrigadas do Vale do São Francisco e a criação de zonas industriais na área litorânea comprovam essa possibilidade.
A geração de riquezas no Centro-Sul tornou essa região a mais rica do país, estabelecendo um pólo de atração populacional que, no século XX, originou as maiores metrópoles nacionais. O ritmo acelerado desse crescimento criou disparidades sociais gravíssimas, como desemprego, favelamento, e problemas ambientais de difícil solução.
Áreas significativas da Amazônia já foram ocupadas, especialmente aquelas situadas na parte oriental da região ou nas margens dos rios. Hoje esse povoamento se acelerou muito, a tal ponto que os conflitos pela posse da terra se tornaram tristemente comuns. Formaram-se também grandes cidades, caracterizadas pelo crescimento explosivo e por profundos desequilíbrios sociais e econômicos.

*** Para refletir

1-                 Qual a diferença entre Região Norte, Amazônia, Amazônia Brasileira e Amazônia Legal?

A região norte faz parte da regionalização político-administrativa brasileira produzida pelo IBGE, na qual englobam os Estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Amapá, Roraima e Tocantins.
Amazônia- é a região caracterizada por florestas úmidas e densas, rios extensos e de grande porte, localizada na América do Sul. Não necessariamente dentro do território brasileiro, estendendo-se pelos países vizinhos da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
Amazônia Brasileira é a porção da Amazônia que se situa dentro dos limites do território brasileiro.
Amazônia legal- foi a área instituída para projetos econômicos e engloba, além dos estados da região norte, o estado do Mato Grosso e parte do Maranhão.



ENTENDENDO O ESPAÇO GEOGRÁFICO

CONCEITOS: ENTENDENDO O ESPAÇO GEOGRÁFICO 
- Espaço Geográfico 

O espaço geográfico se constrói a partir da relação histórica entre a sociedade e a natureza e que, por isso mesmo, é dinâmico e esta em constante transformação.
É um lugar de reprodução das relações sociais de produção. É nele que ocorre as relações humanas e os processos de transformação ao longo do tempo vivido pelo homem.

A Organização do Espaço Brasileiro Segundo o geógrafo Milton Santos

-Meio Natural: É o sistema da biosfera.

-Meio Técnico: É formado pelas concentrações industriais, campos agrícolas, cidades e infra-estruturas de circulação estabelecidos ao longo da era industrial.

-Meio Técnico-Científico Informacional: Esboçou-se a partir do novo ciclo de inovações conhecido como revolução científica e informacional. Este meio é caracterizado pelo predomínio das finanças e da transferência de capitais e informações por meio de redes de comunicações de alta tecnologia.

Saiba mais:
-Técnicas: São os conhecimentos, os instrumentos e as habilidades empregados intencionalmente a realização de uma finalidade. O cultivo do milho é uma técnica assim como a escrita.
-Tecnologias: São aplicações de conhecimentos científicos à produção de objetos úteis. A siderurgia, as ferrovias, a geração de imagens de televisão, os satélites artificiais são produtos da tecnologia
Espaço é um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerado isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. (Milton Santos[1], 1999)

Para entender as transformações espaciais, analisa-se:  Forma- Processo-Estrutura-Função

Caracterização do Brasil em cada período de organização do espaço:

Período natural
Havia um predomínio das atividades humanas mais dependentes da natureza, de forma que a ação humana era menos intensa e transformava o espaço de forma muito lenta. Assim, as populações viviam da caça, pesca, coleta de crustáceos nas áreas litorâneas e de frutos e raízes nas florestas.

Período técnico
Neste período são introduzidas as primeiras atividades em que o homem recorre à máquina para produzir. Nesse sentido, a produção canavieira foi a pioneira, mas foi com as atividades industriais, a partir da década de 1940, que a indústria teve um papel mais importante na economia e na conseqüente organização do espaço brasileiro.

Período técnico-científico-informacional. (globalização)
Esse é o período que vivemos atualmente. Nele a organização do espaço se baseia nas atividades econômicas e financeiras, sendo desenvolvidas a partir de uma relação estreita entre a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico. Desse modo, o espaço vem sendo organizado com base nos interessaes das grandes corporações internacionais, modificando o modo de viver, as características dos lugares e impondo nova forma de relação entre a sociedade e a natureza.


* Guerra dos lugares- é o processo que ocorre a partir dos anos 2000, na qual estados e municípios oferecem insenções fiscais, doação de terrenos e outros benefícios para atrair empresas para a região gerando assim uma desconcentração das indústrias na região SE. O local de chegada das indústrias possuem características como: desenvolvimento tecnológico, de transportes, escoamento da produção e desenvolvimento de tecnopólos.
Ex: Mercedez Bens em Juiz de Fora- Minas Gerais

Observação final:

Apesar do incentivo a desconcentração industrial, as regiões que ainda apresentam maior quantidade de indústrias é a região Sudeste (SE).
O Brasil exporta mais, mas não necessariamente está desenvolvendo igualmente entre as regiões. A concentração de renda e de capital nas grandes empresas, estão, em grande parte, nas mãos de estrangeiros e a pouca qualificação da população brasileira para o mercado de trabalho, faz com que os índices de desemprego permaneçam altíssimos, não resolvendo o problema de empobrecimento da população.

Bibliografia: MARTINS, Dadá; BIGOTTO, Francisco; VITIELLO, Márcio. Geografia: Sociedade e Cotidiano 2.: espaço brasileiro, vol.2. 2º edição. São Paulo: Escala EDUCACIONAL, 2010.


[1] SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo. Hucitec. 1999.p.51-52.

Matéria de Geografia do Brasil

  • INTRODUÇÃO DA DISCIPLINA


  • BRASIL, INDUSTRIALIZAÇÃO E POLÍTICA ECONÔMICA
  • POPULAÇÃO
  • O ESPAÇO URBANO E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

  • O ESPAÇO RURAL E A PRODUÇÃO AGRÍCOLA







Referências bibliográficas:


MARTINS, Dadá; BIGOTTO, Francisco; VITIELLO, Márcio. Geografia: Sociedade e Cotidiano 2.: espaço brasileiro, vol.2. 2º edição. São Paulo: Escala EDUCACIONAL, 2010.

SENE, Eustáquio de – Geografia – Espaço Geográfico e Globalização. São Paulo, Scipione, 1998.

O ESPAÇO URBANO DO MUNDO CONTEMPORÂNEO

UNIDADE 7: O ESPAÇO URBANO E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

 

CAP.1: O espaço urbano do mundo contemporâneo


A formação das cidades:

Cidade ou urbe – termo que designa uma aglomeração de construções (casas, edifícios, comércio), é caracterizado pelo espaço cuja natureza foi intensamente transformada no decorrer dos tempos, apresentando o formato atual que conhecemos.
As cidades existem há mais de 6 mil anos, mas somente após o advento da Primeira Revolução Industrial, é que podemos perceber a intensificação das populações nas áreas urbanas e a excessiva demanda por recursos para estes centros, passando a imprimir um ritmo acelerado à produção de bens e consumo na qual vivenciamos hoje.
Uma cidade nasce a partir do momento em que um determinado número de pessoas se instala numa certa região através de um processo denominado de urbanização. Diversos fatores são determinantes na formação das cidades, tais como a industrialização, o crescimento demográfico, etc...
No caso do Terceiro Mundo, a urbanização é um fato bem recente. Hoje, quase metade da população mundial vive em cidades, e a tendência é aumentar cada vez mais.
A cidade subordinou o campo e estabeleceu uma divisão de trabalho segundo a qual cabe a ele fornecer alimentos e matérias-primas a ela, recebendo em troca produtos industrializados, tecnologia etc. Mas o fato de o campo ser subordinado à cidade não quer dizer que ele perdeu sua importância, pois não podemos deixar de levar em conta que:
1.                  Por não ser auto-suficiente, a sobrevivência da cidade depende do campo;
2.                  Quanto maior a urbanização maior a dependência da cidade em relação ao campo no tocante à necessidade de alimentos e matérias-primas agrícolas. 

Conceito de Urbanização

A urbanização deve ser entendida como um processo que resulta em especial da transferência de pessoas do campo para a cidade, ou seja, crescimento da população urbana em decorrência do êxodo rural.   Um espaço pode ser considerado urbanizado, a partir do momento em que o percentual de população urbana for superior a rural.
Sendo assim, podemos dizer que hoje o espaço mundial é predominantemente urbano. Mas isso não foi sempre assim, durante muito tempo à população rural foi superior a urbana, essa mudança se deve em especial, ao processo de industrialização iniciado no século XVIII, que impulsionou o êxodo rural nos locais em que se deu, primeiramente na Inglaterra, que foi o primeiro pais a se industrializar, e depois se expandiu para outros países, como os EUA, França, Alemanha, etc., a maioria desses países hoje já são urbanizados.
Nos países subdesenvolvidos de industrialização tardia, esse processo só começou no século XX, em especial a partir da 2ª Guerra Mundial, e tem se dado até hoje de forma muito acelerada, o que tem se configurado como uma urbanização anômala ou desigual, trazendo uma série de conseqüências indesejadas para o espaço urbano desses países. 

Existem dois tipos de fatores que contribuem com o êxodo rural, são eles:
a)       Repulsivos: são aqueles que expulsam o homem do campo, como a concentração de terras, mecanização da lavoura e a falta de apoio governamental.
b)       Atrativos: são aqueles que atraem o homem do campo para as cidades, como a expectativa de emprego, melhores condições de saúde, educação, etc.

Em países subdesenvolvidos como o Brasil, os fatores repulsivos costumam predominar sobre os atrativos, fazendo com que milhares de trabalhadores rurais tenham que deixar o campo em direção das cidades, o que em geral contribui com o aumento dos problemas urbanos na medida em que as cidades não tem estrutura suficiente para receber esses trabalhadores, com isso proliferam-se as favelas, aumenta a violência, faltam empregos, dentre outros problemas.

As diferenças no processo de urbanização

Existem diferenças fundamentais no processo de urbanização de países desenvolvidos e subdesenvolvidos, abaixo estão relacionadas algumas delas:

a)       Desenvolvidos:
ü    Urbanização mais antiga ligada em geral a primeira e segunda revoluções industriais;
ü    Urbanização mais lenta e num período de tempo mais longo, o que possibilitou ao espaço urbano se estruturar melhor;
ü    Formação de uma rede urbana mais densa e interligada.

A urbanização que ocorreu nos países desenvolvidos foi gradativa. As cidades foram se estruturando lentamente para absorver os migrantes, havendo melhorias na infra-estrutura urbana e aumento da geração de empregos. Assim os problemas urbanos não se multiplicaram tanto como nos países subdesenvolvidos.

b)       Subdesenvolvidos:
ü    Urbanização mais recente, em especial após a 2ª Guerra mundial;
ü    Urbanização acelerada e direcionada em muitos momentos para um número reduzido de cidades, o que gerou em alguns países a chamada “macrocefalia urbana";
ü    Existência de uma rede urbana bastante rarefeita e incompleta na maioria dos países.

Consequências da urbanização acelerada:

- Aumento do desemprego por causa da incapacidade de absorção dos imigrantes;
- Proliferação de submoradias: favelas, cortiços, moradores de rua;
- Adensamento populacional e dificuldade de acesso aos lugares;
- Ineficiência dos meios de transportes públicos
- Adensamento de carros particulares gerando engarrafamentos gigantescos
- Ineficiência ao acesso à educação e a saúde
- Contrastes sociais nas paisagens urbanas formando assim as segregações espaciais
- Construções de edifícios arranha-céu , dificultando a circulação de ar e aumentando o calor e a poluição atmosférica.
Favela de Paraisopolis, em São Paulo. Esta é uma das conseqüências da rápida urbanização em países subdesenvolvidos. Cria-se, assim, um meio social extremamente favorável a proliferação de outros problemas: a violência urbana, roubos, assaltos, seqüestros, assassinatos, atingem milhares de pessoas todo o ano fazendo muitas vitimas fatais. É por essas razões que o estresse é o “mal do século”, atingindo principalmente os habitantes das grandes metrópoles.
Obs. Nas metrópoles dos países desenvolvidos os problemas urbanos como violência, transito caótico, etc., também estão presentes.

Aglomerações Urbanas

A expansão da urbanização gerou o aparecimento de várias modalidades de aglomerações urbanas, além de termos que cada vez mais fazem parte de nosso cotidiano, abaixo definiremos algumas dessas modalidades e termos:
a)        Rede urbana: Segundo Moreira e Sene (2002), "a rede urbana é formada pelo sistema de cidades, no território de cada país, interligadas umas as outras através dos sistemas de transportes e de comunicações, pelos quais fluem pessoas, mercadorias, informações, etc." Nos países desenvolvidos devido a maior complexidade da economia a rede urbana é mais densa.

b)        Hierarquia urbana: Corresponde a influência que exercem as cidades maiores sobre as menores. O IBGE identifica no Brasil a seguinte hierarquia urbana: metrópole nacional, metrópole regional, centro submetropolitano, capital regional e centros locais.

c)        Conurbação: Corresponde ao encontro ou junção entre duas ou mais cidades em virtude de seu crescimento horizontal. Em geral esse processo dá origem a formação de regiões metropolitanas.

d)        Metrópole: Segundo Coelho e Terra (2001), metrópole seria  à cidade principal ou cidade-mãe, isto é, a cidade que possui os melhores equipamentos urbanos do país (metrópole nacional), ou de uma grande região do país (metrópole regional)". No Brasil cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles nacionais, e Belém, Manaus, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza são metrópoles regionais.

e)        Região metropolitana: Corresponde ao conjunto de municípios conurbados a uma metrópole e que desfrutam de infra-estrutura e serviços em comum.

f)         Megalópole: Corresponde a conurbação entre duas ou mais metrópoles ou regiões metropolitanas. No Brasil temos a megalópole Rio-São Paulo, localizada no sudeste brasileiro, no vale do Paraíba, incluíndo municípios da região metropolitana das duas grandes cidades, o elo de ligação dessa megalópole é a Via Dutra, estrada que interliga as duas cidades principais.

g)        Megacidade: Corresponde ao centro urbano com mais de dez milhões de habitantes. Hoje em torno de 21 cidades do mundo podem ser consideradas megacidades, dessas 17 estão em países subdesenvolvidos. No Brasil São Paulo e Rio de Janeiro estão nessa categoria.

h)        Técnopolo: Corresponde a uma cidade tecnológica, ou seja, locais onde se desenvolvem pesquisas de ponta. No Brasil, temos alguns técnopolos localizados em especial no estado de São Paulo, como Campinas (UNICAMP), São Carlos (UFSCAR), e a própria capital (USP, etc.).

i)          Cidade global: são as cidades que polarizam o país todo e servem de elo de ligação entre o país e o resto do mundo, possuem o melhor equipamento urbano do país, além de concentrarem as sedes das instituições que controlam as redes mundiais, como  bolsas de valores, corporações bancárias e industriais, companhias de comércio exterior, empresas de serviços financeiros, agências públicas internacionais. As cidades mundiais estão mais associadas ao mercado mundial do que a economia nacional.

j)          Desmetropolização: Processo recente associado à diminuição dos fluxos migratórios em direção das metrópoles. Esse processo se deve em especial a chamada desconcentração produtiva, que faz com que empresas em especial industrias, se retirem dos grandes centros onde os custos de produção são maiores, e se dirijam para cidades de porte médio e pequeno, onde é mais barato produzir, em função de vários fatores como, por exemplo, os incentivos fiscais. Hoje no Brasil cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo não são mais aquelas que recebem os maiores fluxos de migrantes, mas sim regiões como interior paulista, o sul do país ou até mesmo o nordeste brasileiro.

k)        Verticalização: Processo de crescimento urbano que se manifesta através da proliferação de edifícios. A verticalização demonstra valorização do solo urbano, ou seja, quanto mais verticalizado, mais valorizado.

l)          Especulação imobiliária: Os especuladores imobiliários são aqueles proprietários de terrenos baldios no espaço urbano que deixam estes espaços desocupados a espera de valorização. Uma das conseqüências da especulação é a falta de moradias em locais mais bem localizados, fazendo com que as populações de mais baixa renda tenham que viver em áreas distantes do centro (crescimento horizontal), ou em favelas.

m)     Condomínios de luxo e favelas: os dois estão aqui juntos, pois são fruto da segregação social e econômica que se vive nas cidades, sendo eles o reflexo espacial dessas. Os condomínios são áreas fechadas muito protegidas e bem estruturadas, onde em geral mora a elite; as favelas são áreas sem infra-estrutura adequada e com graves problemas como o tráfico de drogas, onde grande parte da população está desempregada, e a maioria dela é pobre.

Tipos de cidades

As cidades podem ser classificadas da seguinte forma:

a) Quanto ao sítio: sítio urbano refere-se ao local no   qual está superposta a cidade, sendo assim a classificação quanto ao sítio leva em consideração a questão topográfica. Como exemplo temos: cidades onde o sítio é uma planície, um planalto, uma montanha, etc.

b) Quanto à situação: situação urbana corresponde à posição que ocupa a cidade em relação aos fatores geográficos. Como exemplo temos: cidades fluviais, marítimas, entre o litoral e o interior, etc.

c) Quanto à função: função corresponde à atividade principal desenvolvida na cidade. Como exemplo temos: cidades industriais, comerciais, turísticas, portuárias, etc.

d) Quanto à origem: pode ser classificada de duas formas: planejada e espontânea. Como exemplo temos: Brasília, cidade planejada e Belém, cidade espontânea.

A rede urbana brasileira

            Apenas a parti da década de 40, que se estruturou uma rede urbana em escala nacional. Até então, o Brasil era formado por “arquipélagos regionais” polarizados por suas metrópoles e capitais regionais. A integração econômica entre São Paulo, Zona da Mata nordestina, Meio-Norte e região Sul era extremamente frágil. Com a modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, depois, incorporou o Nordeste e, mais recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste.
A medida que a infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindo pelo país, o mercado se unificou e a tendência a concentração urbano-industrial ultrapassou a escala regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes pólos industriais da região Sudeste, passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais.
Após a Revolução de 1930, que levou Getulio Vargas ao poder, até meados da décadas de 70, o governo o federal concentrou investimentos de infra-estrutura industrial na região Sudeste, que , em conseqüência, se tornou o grande centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região recebeu eram, constituídos por trabalhadores desqualificados e mal remunerados, que foram se concentrando na periferia das grandes cidades.
Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedades do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles.
A rede urbana interfere na vida das pessoas de maneiras diferentes. As pessoas de classe social mais alta podem aproveitar de tudo numa metrópole, todos os recursos estão a disposição. Mas outros que já não podem nem levar ao mercado o que produzem, são presos aos preços e as carências locais. Para estes a rede urbana não é totalmente uma realidade.
As condições de determinada região determinam a desigualdade entre as pessoas. Por isso, muitos são cidadãos diminuídos ou incompletos.