Eleitores do Pará vão às urnas para decidir sobre divisão do estado





Eleitores do Pará vão às urnas para decidir sobre divisão do estado


Cerca de 4,6 milhões de paraenses vão as urnas hoje (11) para decidir sobre a divisão do estado. O plebiscito poderá desmembrar o território do segundo maior estado do país em até três partes: um Pará remanescente e duas novas unidades da federação, Carajás e Tapajós.
Se aprovado no plebiscito, Tapajós, no oeste  do Pará, vai ficar com 59% da área do atual estado, divididas em 27 municípios, com população total de 1,2 milhão de habitantes. O novo estado nasceria com Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 6,4 bilhões.
Tapajós seria o mais “verde” dos estados resultantes da divisão do Pará, com grande parte do território protegido em unidades de conservação e terras indígenas. No entanto, herdaria a polêmica obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída nos limites do novo estado. Caso a criação do Tapajós seja aprovada, as cidades de Santarém e Altamira são as principais candidatas ao posto de capital.
Já Carajás, no sul do estado, ficaria com 39 municípios, 24% do atual território do Pará e 1,5 milhão de habitantes. Pólo de exploração mineral de ferro e cobre, o novo estado teria PIB de R$ 19,6 bilhões. Mas já nasceria com alguns dos piores indicadores sociais do país.

Como ficarão os três estados se for aprovada a divisão do Pará
Como ficarão os três estados se for aprovada a divisão do Pará

A região de Carajás concentra os maiores índices de violência no campo e registros de trabalho escravo do estado. Provável futura capital do novo estado, Marabá está entre as cinco cidades mais violentas do país e é a campeã de homicídios em municípios com mais de 100 mil habitantes, de acordo com o Mapa da Violência, do Ministério da Justiça.
O Pará remanescente, vai ter apenas 17% do tamanho atual, mas ainda concentraria 78 municípios e 4,5 milhões de habitantes. Também teria o maior PIB entre os três estados atingindo R$ 32,5 bilhões.
A divisão do Pará é um pleito antigo de regiões distantes da capital, Belém, áreas com vocação econômica, composição populacional e cultural muito distintas. Para os defensores da criação dos novos estados, a divisão só confirmaria diferenças que já existem. Segundo os separatistas, o atual tamanho do Pará, 1,24 milhão de quilômetros quadrados (km2), dificulta a gestão e limita o desenvolvimento de regiões que estão longe da capital.
Os críticos da separação, concentrados na região metropolitana de Belém, argumentam que a divisão criaria estados deficitários e novos custos para a administração federal. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimou que Carajás teria déficit de pelo menos R$ 1 bilhão anual, Tapajós, de R$ 864 milhões, e o Pará remanescente, de R$ 850 milhões.
Além de mudar a configuração do mapa do Brasil, caso seja aprovada nas urnas, a divisão do Pará também vai alterar a composição do Congresso Nacional. Para que os parlamentares dos novos estados tenham assentos na Câmara e no Senado, outros estados perderiam vagas. No Senado, por exemplo, a bancada da região Norte ganharia seis senadores e passaria a ser o triplo da bancada da região Sul.
Se a separação for aprovada no plebiscito, a criação dos novos estados ainda passará pelo Congresso Nacional e terá que ter a sanção da presidenta Dilma Rousseff. Há pelo menos mais 13 projetos em discussão no Congresso que propõem consultas para a criação de mais cinco estados e quatro territórios no país.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Pará, 18 mil urnas eletrônicas serão utilizadas para o plebiscito, em 14.281 seções. Cerca de 7 mil homens farão a segurança da votação nos 144 municípios do estado. Tropas federais vão reforçar a segurança do pleito em 16 municípios, entre eles Altamira, Santarém, Marabá, São Félix do Xingu e Anapu. A venda de bebidas alcoólicas está proibida entre 8h e 18h de domingo

Agricultura patronal X familiar

Agricultura patronal X Agricultura familiar

Um dos principais pontos que devem ser debatidos sobre a agricultura contemporânea é sua capacidade de produção de alimentos, mas também sua contribuição social. A agricultura familiar surge então como alternativa, tanto para uma maior distribuição da renda quanto para um possível aumento na produção de alimentos.

Como já foi visto no último post, a chamada "agricultura patronal" (aquela que utiliza trabalhadores contratados em propriedades médias ou grandes), geralmente não apresenta uma boa distribuição de renda se comparada à agricultura familiar. Nesta última, os indivíduos são responsáveis pela produção e comercialização dos alimentos, uma vez que são donos da terra, o que faz com que os lucros da atividade sejam destinados diretamente para os trabalhadores.

Porém, um grande empecilho para esse modelo de agricultura é justamente o capital financeiro inicial que os agricultores necessitam para compra de terra, sementes e instrumentos para a atividade. A necessidade de financiamentos de maior prazo e de custos menores do que daqueles oferecidos no mercado, estimularam a criação do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar), que criou uma linha de crédito especial para o setor, tornando-se assim um dos responsáveis pelo grande aumento da produtividade da agricultura familiar no país, demonstrando também o potencial da atividade.

No Brasil, cerca de 60% dos alimentos consumidos são produzidos por agricultores familiares. Porem, tanto por questões históricas quanto por questões econômicas, as medidas políticas no país tendem a privilegiar a agricultura patronal.

Historicamente estes dois modelos se diferenciam não somente por suas estruturas, mas também pelas diferenças em seus resultados. Em lugares onde a agricultura patronal prevalece, uma maior desigualdade social provavelmente se instalará, como é o caso de países que eram colônias de exploração de nações européias. Já em locais onde a agricultura familiar tem peso maior, como é o caso dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos na Europa e na Ásia, há uma maior distribuição de renda e consequentemente um menor desequilibrio social.